Antes da COP 26, líderes e ativistas indígenas intensificam luta pela sobrevivência da Amazônia na cena internacional

23 Sep 2021
Formações de nuvens e tempestades sobre a Amazônia brasileira. Stuart Rankin, Flickr

Um apelo dos povos indígenas e organizações da sociedade civil a governos, líderes empresariais, investidores e consumidores para mudarem o curso de destruição da Amazônia

Nota do editor: por favor faça seu credenciamento aqui para assistir ao lançamento.

BONN, Alemanha — Proteja a Amazônia! A Vida é uma Só e Está em Nossas Mãos é um apelo urgente de organizações locais da sociedade civil, comunidades e pessoas que vivem no bioma amazônico que se reuniram em uma só voz para lançar uma declaração, lançada na conferência digital GLF Amazônia: The Tipping Point – Soluções de dentro para fora, dirigida aos líderes globais.

“Nosso conhecimento é um tesouro oferecido para enriquecer um novo paradigma de interação homem-natureza: repensem a economia das nossas sociedades, com o seu sobreconsumo, que está destruindo a capacidade do nosso generoso planeta de sustentar a vida. A mudança econômica é essencial para preservar a diversidade biológica e sócio-cultural da Amazônia e o futuro da vida na Terra”, lê-se na declaração.

A declaração será lançada na quinta-feira (23/09), às 15:30 EDT/AMT (UTC-4, Manaus, Caracas, La Paz, Nova Iorque, Miami) na conferência digital.

Segundo a declaração, nenhum dos objetivos globais sobre preservação de biodiversidade ou manutenção do clima pode ser alcançado sem que haja proteção adequada da floresta tropical amazônica.

Povos Indígenas, comunidades locais e afro-descendentes têm gerido de forma sustentável o bioma amazônico durante milhares de anos e ainda desempenharão um papel indispensável na sua preservação para as gerações futuras. No entanto, esses grupos têm sido sujeitos a violações generalizadas de direitos humanos, incluindo o direito às suas terras e territórios ancestrais, sobretudo por causa da insegurança fundiária, má governança e fraca aplicação da lei.

Entre outros tópicos, a declaração destaca a urgência de se resolver a questão da pobreza dos povos da Amazônia e a insegurança jurídica da posse de suas terras e recursos. Também incentiva o desenvolvimento de cadeias de abastecimento livres de desmatamento; estimula a promoção de iniciativas intersetoriais e transfronteiriças para evitar que a Amazônia ultrapasse seu ponto de inflexão climático; e enfatiza a ameaça à existência humana provocada pela perda de biodiversidade e alterações climáticas globais.

O documento ainda ressalta a necessidade de considerar a saúde, o bem-estar e a diversidade social, cultural e política das pessoas que habitam a região – os seus direitos, tradições e crenças – em todos os futuros planejamentos econômicos, de infraestrutura e uso da terra.

“Do ponto de vista científico, não há dúvidas de que os sistemas de conhecimento indígena e local estão fortemente ligados à redução do desmatamento, gestão sustentável dos recursos naturais e adaptação flexível à mudança do clima”, explica Solange Bandiaky-Badji, Coordenadora da Iniciativa de Direitos e Recursos (RRI). “Os líderes globais devem aproveitar as negociações sobre clima para ampliar apoio e assegurar os direitos dos Povos Indígenas, Afrodescendentes e comunidades locais da Amazônia – particularmente as suas redes de mulheres – como uma via essencial para prevenir as alterações climáticas, bem como para apoiar os meios de subsistência locais”.

Iniciativas pré-conferência – A declaração Proteja a Amazônia! A Vida é uma Só e Está em Nossas Mãos é o resultado de um processo de engajamento entre múltiplos stakeholders, por um período de 12 meses, que incluiu seminários temáticos reunindo organizações da sociedade civil local que representam os interesses dos povos da Amazônia.

Lançada pouco antes dos principais fóruns ambientais globais do ano – a Climate Week NYC, a 26ª Conferência das Partes (COP 26) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), e a conferência GLF Climate, que ocorre paralelamente à COP 26, a declaração busca reconhecimento e endosso internacional às aspirações e visões expressas no documento. Na COP 26, a declaração será utilizada para influenciar as ambições e compromissos de novos acordos globais para proteger a insubstituível floresta Amazônia e seus povos.

***Para solicitar entrevistas com os porta-vozes das organizações que elaboraram a declaração, escreva para Melissa Angel, m.kayeangel@cgiar.org. Para organizações interessadas em se tornar signatárias da declaração, por favor escreva para Nina Haase, n.haase@cgiar.org***

INSTRUÇÕES PARA PARTICIPAR DO LANÇAMENTO: Faça seu credenciamento de imprensa aqui. A conferência é gratuita para os residentes da América Latina e Caribe e tem um pequeno valor para residentes de outras regiões.

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A conferência digital GLF Amazônia foi possível graças ao generoso apoio da Fundação Ford, BMU, BMZ, o Governo do Grão-Ducado do Luxemburgo e FOLUR.

Clique aqui para conhecer a lista completa das organizações participantes na conferência.

O Fórum Global de Paisagens (GLF) é a maior plataforma de conhecimento do mundo sobre uso integrado da terra, dedicada a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo Climático de Paris. O fórum adota uma abordagem holística para criar paisagens sustentáveis que sejam produtivas, prósperas, equitativas e resilientes e considera cinco temas coesos de alimentos e meios de subsistência, restauração de paisagens, direitos, financiamentos e medição do progresso. É liderado pelo Centro de Pesquisa Florestal Internacional (CIFOR), em colaboração com seus cofundadores UNEP e o Banco Mundial e Membros fundadores.

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